Invasão das águas chega às barracas de Icapuí

Icapuí. Na praia de Barrinha, localizada neste município, 16 famílias tiveram que ser reassentadas porque o mar invadiu as casas. O problema também tem afetado as cidades de Beberibe e Cascavel. Parece não haver muito o que fazer. Esta é a conclusão dos moradores das principais praias deste município, diante da ação cada vez mais violenta do mar na região.
Na praia de Morro Branco, os moradores e donos de barracas testemunham, diariamente, a briga do homem com o mar. O problema é antigo e, a cada ano, se agrava. Eles temem pelo futuro da localidade, diante da violência das marés

As comunidades litorâneas vivem clima de desesperança sem as ações emergenciais e efetivas do poder público local. Com o passar dos anos, a resposta do mar às mudanças climáticas é avançar para orla, e as famílias de moradores ficam de mãos atadas diante da situação.

O avanço do mar causou momentos de pânico na praia de Barrinha. Em março deste ano, o mar chegou a invadir as casas e as famílias foram reassentadas em casas populares na própria comunidade. "Eu não conseguia nem dormir direito. Tinha época que a água entrava na cozinha", lembra a marisqueira Eliane Rocha. Ela conta que abandonou sua casa no réveillon de 2010 para 2011 porque não era seguro continuar vivendo ali.

Pânico
Dezesseis famílias, que moravam próximo à residência de Eliane, também tiveram suas casas invadidas pelo mar. Moradoras contam que viveram momentos de pânico em períodos de maré alta. "Ou a gente fazia algo ou o a água entrava de vez. Era o mar subindo e todo mundo colocando sacos de areia", conta Eliane. Em março deste ano, as 16 famílias receberam casas populares do governo. Elas tiveram prioridade no reassentamento. Ao todo, foram construídas 30 casas populares. Elaine afirma que ainda há cerca de dez famílias que precisam ser reassentadas porque a maré já está atingindo o local. A construção de um muro de contenção do avanço do mar teve início há um ano. A obra consiste na elevação de um muro com placas de concreto e pedras para impedir que a água tome a orla. Foram construídos cerca de 200 metros e a obra está parada. O investimento foi em torno de R$ 3 milhões, segundo afirma o empresário Miguel Guillen, dono de chalés na praia de Redonda, também neste município, que acompanhou a obra na cidade vizinha. Os moradores pedem agilidade na conclusão do projeto, pois o mar está se aproximando da rua, nos locais onde a obra não foi concluída.

Mesmo passando por esses problemas, a população tem consciência de que a ocupação desordenada do homem também contribuiu muito para a difícil realidade. A moradora da praia de Morro Branco, em Beberibe, Carluscilda Pereira, vê diariamente a briga entre homem e mar e conta que seu pai, hoje falecido, contava que a água nunca chegou à sua porta. "O problema não é de hoje. O mar só esta tomando de volta o lugar que lhe pertence", afirma.

Situações mais críticas estão recebendo ações emergenciais por parte do município, com o auxílio do Governo Federal. Na praia da Caponga, em Cascavel, a primeira etapa da obra de contenção da maré está com 50% das obras concluídas.

Estão sendo construídos três quebra-mares, popularmente conhecidos como espigões, que são faixas de pedra de 70 metros entrando no mar, que quebram à força da maré evitando inundações. Está sendo investido mais de R$ 1 milhão na primeira etapa da obra. 
Fonte: Diário do Nordeste

Comentários