Pelas redes sociais, internautas relatam casos de professores racistas

Pelas redes sociais, internautas relataram casos de racismo sofridos em sala de aula – REPRODUÇÃO

“Toda vez que falava sobre escravidão, (a professora) apontava pra mim. Com isso os outros alunos faziam piadas comigo do tipo: vou te colocar no tronco e te bater até você ficar branca limpa”. Esse é apenas um dos relatos feitos por internautas na campanha #MeuProfessorRacista #MinhaProfessoraRacista, promovida nas redes sociais como forma de protesto contra a discriminação racial que acontece diariamente em salas de aula do país.
O movimento surgiu a partir de uma discussão específica durante uma aula na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, da USP. De acordo com o coletivo “Ocupação Preta”, idealizador do protesto, uma professora fez chacota sobre as ideias do racismo de Monteiro Lobato e, ao ser questionada por uma aluna, abafou a discussão “aos gritos”.
Diante disso, o coletivo entrou em sala de aula nesta segunda-feira para retomar o debate sobre a discriminação de raça presente na obra do autor, tema de diversos estudos na Academia.
“Sabendo que se perpetua nas universidades uma diretriz e um embasamento teórico pertencentes à branquitude, levantamos a necessidade de que a professora conheça, discuta ou ao menos escute o que os alunos têm a dizer”, disse o coletivo, em comunicado. “Por fim, repudiamos a postura da professora que exigiu que fôssemos retirados pela segurança do campus, e que ousou dizer que conhece um professor universitário que, conforme sua fala, ‘é mais negro que todos nós’ alunas e alunos que estávamos presentes na aula”.
A partir desse episódio, o coletivo pediu que estudantes negros se manifestassem na campanha virtual #MeuProfessorRacista #MinhaProfessoraRacista, e o pedido foi prontamente atendido. Pelas redes sociais, principalmente o Facebook, centenas, senão milhares de pessoas contaram suas experiências de discriminação racial sofridas em sala de aula vindas de quem deveria ensinar.
De acordo com o coletivo, a repercussão da campanha já era esperada, já que “existe uma forte demanda de discussão sobre o racismo institucional, no caso, racismo na educação”.

“Então prevíamos que iriam surgir muitos relatos, e que isso seria importante para gerar material inclusive para lidar com o racismo nas salas de aula”, disse o coletivo.
O grupo afirma que casos de racismo na USP são “normais”, começam com os funcionários terceirizados e trabalhadores negros e terminam nos estudantes. Exatamente por isso o coletivo foi criado.
“A ideia é não individualizar na professora, porque como destacamos é uma postura da universidade também”, disse o coletivo. “Mas queremos chamar um debate publico para convidar a professora para discutir com outros profissionais negros que discutem o racismo na obra do Lobato”.
O Globo

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