Plano de ações busca preservar morros de areia colorida de Tibau




Os moradores mais antigos da cidade-praia de Tibau contam: a cidade já foi referência em morros de areias coloridas, as famosas falésias, que atualmente brigam por espaço com grandes prédios residenciais construídos à beira-mar. Dona Mazé, de 47 anos, opina. A professora-artesã trabalha confeccionando garrafas de areia colorida desde os 15 anos, quando morava em Grossos, a 23 km de Tibau, litoral norte potiguar. 

Mazé passa de 3 a 6 horas produzindo uma garrafa de areia colorida, dependendo do tamanho. Ela conta que faz porque gosta, é uma espécie de terapia e que já vendeu até para o exterior. No entanto, hoje admite que o trabalho não é valorizado. 

"Está tendo pouca saída porque o povo daqui não valoriza, mas já vendi muito para fora como França e EUA, também faço por encomenda. Acho que os políticos deveriam ter valorizado antes, para não acabar destruído como agora”, revelou a artesã, contando também que antes ela encontrava uma variedade maior de cores de areia, hoje é preciso tingi-la.  


(Foto: Valéria Lima)

Com esta preocupação, considerada tardia por alguns, desde o fim do ano passado a Prefeitura Municipal de Tibau desenvolve um plano de ações em busca de transformar a área das falésias em patrimônio turístico do município. 

O projeto já passou por várias etapas. Do diagnóstico, levantamentos, à consulta pública com a população. Segundo a secretária de Meio Ambiente de Tibau, Maria de Lourdes, no momento a pasta está realizando levantamento sobre o que foi discutido em reunião com a comunidade e cita que desafios estão surgindo, como é o caso de moradores que se apresentaram como donos de alguns pontos das falésias, inclusive cercando o local.

“Estamos conversando com essas pessoas para que elas compareçam com documentos constando que são donos dos locais, porque na prefeitura não consta. Estamos fazendo todo um levantamento e estudando a situação, e também conversando com a assessoria jurídica”, explicou. 

O Jornal Mossoró Hoje entrou em contato com a Superintendência do Patrimônio da União no Estado do Rio Grande do Norte (SPU/RN) e questionou sobre a propriedade das falésias. 

De acordo com a superintendente Ieda Cunha, o território das falésias de Tibau não está totalmente demarcado. Mas, o que se sabe é que, provisoriamente, 33 metros da área próxima ao mar são da União. Já as áreas devolutas, ou seja, não habitadas, são do Estado. 

A secretária Maria de Lourdes informou que o plano de ações para preservação das falésias de Tibau é inspirado no que ocorre no município de Beberibe, no Ceará, que possui falésias semelhantes. 

Diferentemente de Beberibe, alguns pontos das falésias em Tibau foram destruídos por conta de construções, mas a esperança da secretaria é preservar o que ainda tem. 

“Precisamos contar com o apoio de todos eles, o povo de Mossoró também, que demonstra gostar tanto de Tibau. O projeto está em fase de estudos e inicialmente precisamos identificar as áreas do município a partir do Plano Diretor que será elaborado a partir desses estudos”, contou. 

A medida é vista com bons olhos pela artesã Mazé. Apesar de ela não sobreviver desta arte, acredita que a preservação contribuirá e muito para a história da cidade. “Ainda tenho o sonho de expor e trabalhar mais com isso. Para mim é uma arte misturada com diversão”, conclui.
Por : Mossoró Hoje

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