Porcellanati em Mossoró suspende produção por causa de dívidas junto a Cosern e a Potigás estimadas em até R$ 5 milhões

A Porcellanati, indústria de revestimentos cerâmicos de Mossoró, que pertence ao grupo catarinense Itagres, está há 40 dias com a produção suspensa. Com dívidas junto a Cosern e a Potigás estimadas em até R$ 5 milhões, segundo a própria empresa, a Porcellanati teve o fornecimento de energia elétrica e de gás natural suspensos e chegou a demitir 50 funcionários. A empresa não tem previsão de quando as atividades serão retomadas. Conforme a Potigás, mesmo quando teve o fornecimento de gás reduzido, entre 25 de maio e 8 de junho, a empresa foi a terceira maior consumidora de gás no período.

Empresa é uma das maiores consumidoras de gás no RN, mas tem dívidas - Marcos Garcia

Até a parada, a Porcellanati produzia 540 mil metros quadrados de pisos em porcelanato por mês, com foco no Nordeste. O faturamento da empresa era de R$ 8 milhões por mês. De acordo com o gerente geral da empresa, Cláudio Toledo, os cortes de fornecimento vem sendo um problema desde 2013.

“Tivemos uma crise financeira em 2012 que acarretou num processo de dificuldades em 2013, culminando nessa situação em 2014. Os produtos também tiveram quedas nas vendas em 2013”, explicou o gerente geral. Segundo Cláudio Toledo, desde o ano passado, a empresa tenta negociar com Cosern e Potigás, mas quando o fornecimento era retomado por um fornecedor, o outro suspendia. “Eu preciso das duas coisas juntas, energia elétrica e gás natural”, disse.

As negociações deverão ser tocadas entre esta semana e a próxima para que se tenha uma ideia de quando as atividades da fábrica poderão ser retomadas. “A presidência do grupo está retomando as propostas para renegociação”, afirmou o gerente geral da Porcellanati.

“Precisamos achar um caminho com essas duas companhias para chegar a um consenso de parcelamento da dívida e, dentro dessa nova situação, retomar um novo modelo para a Porcelanatti. Estamos num momento crítico. Poderíamos contar com um pouco mais de compreensão”, destacou Cláudio Toledo.

Após a parada na fábrica, o quadro de pessoal que era de 405 de funcionários foi reduzido para 350, segundo a empresa. De acordo com o gerente geral, o motivo das demissões não foi só a suspensão das atividades, mas também a intenção de fazer uma “oxigenação” do quadro. “Alguns dispensados poderão voltar. Os que continuam estão com salários em dia e estão trabalhando no check-up das máquinas”, disse. Há também empregados em férias ou em licença.

Cláudio Toledo relatou ainda que a empresa investiu em uma máquina nova, com custo de R$ 3 milhões, com tecnologia que permitirá fabricar um novo tipo de produto: cerâmica imitando madeira. “Com isso, vislumbramos um aumento de 25% no faturamento que temos hoje”, afirmou. A estimativa é que, com os investimentos, seja possível chegar a uma produção de 870 mil metros quadrados de pisos em porcelanato ainda no segundo semestre.

Dívida
A Potigás informou que, em decorrência da dívida, no dia 25 de maio, houve uma redução de pressão e vazão dos gás natural da Porcellanati. Segundo a Potigás, mesmo com a redução, a empresa consumiu cerca de R$ 550 mil de gás natural, sendo o terceiro maior consumidor no período. A empresa continuou utilizando o gás natural até 8 de junho, quando houve o corte total.

A Potigás não pode detalhar ontem qual seria o montante da dívida e como estaria a negociação, mas se disponibilizou a dar mais detalhes sobre o caso hoje.

Procurada, a Cosern não informou quando a energia foi cortada, qual seria o montante da dívida da empresa e como estariam as negociações. Ainda conforme a Cosern, uma cláusula de confidencialidade do contrato impede a companhia de dar mais detalhes da situação da empresa. 

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