'Vou seguir protestando', diz juiz que confrontou policiais em Fortaleza
Sílvio Mota foi capa do 'New York Times' após barrar avanço da PM.
'Foi uma violação de direitos e de tudo mais', diz, se referindo à repressão.
Homem fica parado enquanto policiais se aproximam para conter manifestantes (Foto: Paulo Whitaker/Reuters)
O juiz Sílvio Mota, de 69 anos, afirmou que vai "seguir protestando"
durante a Copa do Mundo. "Eu exerci o meu direito de cobrar melhorias
para o país e vou seguir protestando. Não reconheci a representatividade
dos que estão governando, por isso vou às ruas", diz o magistrado.
Em 27 de junho de 2013, Sílvio Mota participou de um dos protestos mais
violentos em Fortaleza, com veículos incendiados, várias barricadas nas
ruas. As munições de bala de borracha e gás lacrimogêneo da Polícia
Militar e Força Nacional chegaram se esgotar, até a chegada de um
reforço.
Durante o protesto, ele "peitou" a linha de frente dos policiais e
denunciou o que chamou de "abuso de poder". "A repressão da polícia era
muito forte na hora. Não conseguia ver aquilo", diz. "Eu fui protestar.
Eles me agrediram. Me levantei e fui tomar satisfações. Aquilo foi uma
violação de direitos e de tudo mais", afirma.
Mota apareceu na capa do New York Times
(Foto: Reprodução/'The New York Times')
No dia seguinte à manifestação, Sílvio Mota estampou a capa do "The New
York Times", barrando o avanço dos policiais em direção aos
manifestantes. "Dei entrevista para jornais do Brasil, do Ceará, Rio,
São Paulo. Também vi minha imagem em sites do mundo todo. A abordagem do
'New York Times' foi excelente. Eles mostraram o absurdo da repressão e
violência da polícia nas manifestações", afirma.
A Polícia Militar informou que não iria se declarar sobre as denúncias
de suposto abuso de poder feitas por Sílvio Mota. A PM ressalta, ainda,
que toda a ação da polícia foi legítima e acompanhada de perto pelo
Ministério Público.
Cerca de cinco mil pessoas, segundo a Polícia Militar, caminharam pela
Avenida Dedé Brasil em direção à Arena Castelão pedindo mais
investimentos em educação e saúde, redução do preço do ônibus e o fim
dos gastos excessivos com a Copa, entre outras reivindicações, até que,
ao chegar à primeira barreira policial, perto da igreja evangélica
Canaã, uma minoria tentou forçar passagem, arremessando pedras e paus
contra a barreira policial. A polícia disparou gás e balas de borracha.
O Batalhão de Choque avançou sobre os manifestantes. Um carro da TV
Diário, emissora local, foi incendiado e outro, da TV Jangadeiro,
emissoras de Fortaleza, apedrejado. Um ônibus que levava torcedores foi
atacado por vândalos e os passageiros tiveram de descer e ir a pé ao
estádio.
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