Justiça do RN nega liberdade a suspeita de aplicar golpe na Nnex



Rafaela Pereira teve o pedido negado pelo desembargador Glauber Rêgo.
Operação Binário Perfeito foi deflagrada na semana passada em Caicó.

Do G1 RN
Rafaela Pereira Gurgel Silva de Mello é advogada (Foto: Igor Jácome/G1)Advogada Rafaela Pereira nega envolvimento
(Foto: Igor Jácome/G1)
A Justiça do Rio Grande do Norte negou o pedido de liberdade feito pela defesa da advogada Rafaela Pereira Gurgel Silva de Mello, suspeita de aplicar golpes que podem ter causado um prejuízo R$ 3,5 milhões na empresa de marketing multinível NNex, que possui sede em Belo Horizonte, Minas Gerais. A liminar foi rejeitada pelo desembargador Glauber Rêgo neste domingo (20).

A advogada Rafaela Pereira foi presa pela Polícia Civil junto com o marido, o empresário Tarcísio Nóbrega de Mello Júnior, na semana passada na cidade de Currais Novos, na região Seridó do Rio Grande do Norte. A operação foi batizada de Binário Perfeito - uma alusão à linguagem de codificação da internet. A advogada segue presa na Academia de Polícia Militar, em Natal, enquanto o empresário está na Penitenciária Estadual do Serido, em Caicó.

O delegado Odilon Teodósio, diretor de Polícia Civil da Grande Natal, confirmou ao G1 que um grupo com cerca de 30 pessoas também estão sendo investigadas. “O casal é mentor do esquema, mas as investigações apontam que estas outras pessoas também têm algum tipo de participação. Inclusive, outros mandados de prisão podem ser expedidos nos próximos dias”, acrescentou.

Ainda de acordo com Odilon, o empresário admitiu ter atuado como hacker, fraudando logins de empreendedores digitais (como são chamados os investidores que se associam à NNex). As investigações revelam que 700 logins de usuários foram fraudados, dentre eles 23 logins que se reportam ao nome da empresa Veloz-Net.com - especializada em serviços de provimento de acesso à internet na cidade de Caicó – de propriedade do casal. Já a advogada nega qualquer envolvimento.

Dinheiro bloqueado

O delegado Odilon Teodósio também explicou que dos R$ 3,5 milhões, montante que teria sido fruto dos golpes contra a NNex, parte teria sido utilizado pelo casal na compra de carros e imóveis. “A princípio, eles responderão por estelionato, mas se ficar comprovado a compra destes bens valores ilícitos, o empresário e a advogada também poderão ser denunciados por furto mediante fraude com possível lavagem de dinheiro, o que é ainda mais grave que estelionato propriamente dito”, acrescentou.
Segundo o advogado André Dantas de Araújo, que defende a empresa de marketing multinível, quase todo o dinheiro que está na conta do casal já foi bloqueado. “Do valor desviado, quase tudo já foi bloqueado pela justiça”, afirmou, confirmando que foi a própria NNex, há cerca de dois meses, quem fez a denúncia contra o casal.
Carro de luxo foi apreendido na casa dos suspeitos, em Caicó (Foto: Igor Jácome/G1)Carro de luxo foi apreendido na casa dos suspeitos, em Caicó (Foto: Igor Jácome/G1)
NNex

O gerente operacional da NNex, Eugênio Pachelle Costa, declarou à polícia que foram realizadas 123 mudanças fraudulentas de titularidade de logins de empreendedores, “tendo os CPFs do casal investigado registrados como destinatários dos créditos gerados pelos logins de origem, quando os indigitados modificavam o custo pela geração da mudança de titularidade (R$ 50) em créditos vultosos”.
Ainda de acordo com o gerente, a NNex desenvolve atividade econômica de venda direta de produtos e serviços e a prestação de serviços de divulgação, publicidade e comunicação na internet, remunerando a pessoa que se afilia à empresa (conhecida como empreendedor digital) por meio de tickets eletrônicos chamados e-vouchers vip e e-vouchers express. Os primeiros são usados apenas como cupons-descontos junto à rede parceira. Os outros podem, também, ser enviados para a divisão de lucros da empresa, advindo daí uma das formas de remuneração pecuniária do afiliado.

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