CHRISTINA NASCIMENTO - O DIA
No
caminho do Papa Franscico, há uma sombra. Na verdade, quatro, que vão
se revezar 24 horas na semana em que ele estará no Brasil. São policiais
federais, altamente treinados, e que vão manter os olhos em cada
movimento, gesto e aproximação do Bispo de Roma com o público.
Ser
o espelho vivo do maior líder católico do mundo, no entanto, não
reflete a calmaria que se induz a imaginar. Francisco é o Santo Padre
que pega sacolas no chão da fiel que se estica para abraçá-lo, e que
pede para descer do carro para beijar a multidão que o cerca. Para
garantir que atitudes assim não fujam do controle, até helicóperos vão
acompanhar a agenda.
Dois helicópteros estarão no rastro do Papa durante todo o tempo - Foto: Estefan Radovicz / Agência O Dia
Com
status de Chefe de Estado, o Pontífice garantirá não só sua segurança
pessoal feita pela Polícia Federal, com a do seu próprio staff: a
Gendarmaria do Estado da Cidade do Vaticano e da Guarda Suíça, que viaja
na comitiva papal. O esquema será tão rígido como o do presidente dos
EUA, Barack Obama, em visita ao Rio, em 2011. Por aqui, a regra básica
tem que ser seguida à risca: nada de tietagem nem de invasão de
privacidade. Pedidos de fotos são proibidos e podem render um processo
disciplinar na Corregedoria da Federal.
Tanto
rigor é para preservar a intimidade a Papa. Nos jardins da mansão do
Sumaré, onde Sua Santidade vai ficar hospedada, estarão 50 agentes
federais. No total, 200 deles devem passar pela segurança no local
durante a Jornada Mundial da Juventude. Mas nenhum terá acesso às
dependências da casa e, muito menos, ao quarto do Santo Padre.
"A
gente sabe que há muitas chances de o Papa quebrar protoloco. Mas o
nosso trabalho é resultado da integração com as Forças Armadas, as
polícias Civil, Militar e com a Guarda Municipal, além de outros
setores, como a Cet-Rio. Estamos alinhados, trocando informações e
atuando sempre em conjunto", garantiu o delegado federal Anderson
Bichara, da Coordenadoria Regional de Grandes Eventos da PF-RJ.
A complexa segurança do Papa - Foto: Arte O Dia
Do
dia 22, quando o Pontífice chega, até o dia 28, na sua partida, cada
pedaço de chão por onde Francisco for passar será rastreado antes. O
espaço que vai demandar mais tempo de vistoria é o Campus Fidei, em
Guaratiba, onde vai ocorrer a vigília e missa de encerramento. Serão
quatro horas para percorrer todo o terreno em busca de explosivos. A
tarefa será feita numa parceria com o Exército e a Polícia Civil.
Para
que a maior quantidade possível de pessoas vejam o Santo Padre, em
Guaratiba, o papamóvel deve passar em ziguezague no Campus. Aliás, a
missão de conduzir o carro blindado ainda não tem dono. Mas a PF já tem
10 agentes treinados no Vaticano para caso precise assumir a nobre
função.
Aeronaves dão informações
Se
no chão a quebra de protocolo é um adendo à adrenalina da escolta, no
céu a visão privilegiada é um trunfo para os policiais federais. Dois
Caçadores — helicópteros da instituição — com atiradores de elite
estarão seguindo os passos de Francisco por onde ele passar.
A
vigilância tem um apoio importante: o Centro Integrado de Comando e
Controle, o quartel-general das forças de segurança. Será de lá que
virão informações como desvio de rota, em caso de manifestações. Toda
comunicação entres os agentes na rua será feita por radio criptografado.
Treze antenas foram instaladas pelos locais por onde o Papa vai passar.
Um agente a cada 10 m do Pontífice
A
cada dez metros do Papa haverá um agente de segurança, que poderá ser
do Exército, das polícias Civil, Militar e Federal ou da Guarda
Municipal. Isso significa que se ele percorresse em linha reta
ininterrupta os 19.480 quilômetros previstos no Papamóvel — cálculo
feito sem considerar o Riocentro, onde ele visitará voluntários da JMJ —
, seria como se 2 mil homens ficassem numa fila para escoltá-lo.
Por
mar, mais trabalho. Em parceria com a Marinha, a PF vai fiscalizar a
Baía de Guanabara durante todo o evento. Só de agentes federais, serão
72. Eles estarão em lanchas, jet ski e botes.
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