Brasileiro com mais lutas no UFC promete
campanhas midiáticas para chegar ao cinturão

Próximo de fazer a 20ª luta no evento, Tibau afirma que não se esconderá de entrevistas
Diego Riba
Em maio deste ano, Gleison Tibau imprimiu o ritmo para finalizar John Cholish no UFC Sul
Para se tornar um campeão do UFC, além de driblar a fórmula nada exata dos casamentos de confrontos no octógono e demonstrar um bom rendimento perante seus rivais, o lutador precisa “se vender”. Entre aspas mesmo, já que o significado vai muito além de uma relação comercial.

Estar na mídia, saber utilizar as redes sociais, ser carismático - mesmo que seja ao estilo fanfarrão de Chael Sonnen -, tudo no fim das contas reflete em um belo propulsor de carreiras: a venda de pay-per-viwes. Quem entendeu a duras penas essa lição foi o brasileiro Gleison “Tibau”.

Aos 30 anos e com quase 40 lutas profissionais na carreira, 19 delas no UFC, o lutador que carrega o nome de sua cidade (Tibau, interior do Rio Grande do Norte) detém o recorde de participações brasileiras no evento e, através disso, pretende iniciar sua campanha para se popularizar no cenário do esporte, como revelou à reportagem do R7.

- Eu tenho trabalhado bastante, e já faz tempo. Fiz lutas muito boas, e o UFC gosta. Mas a culpa não é deles ou da mídia, eu não sou tão conhecido porque eu me isolava muito, ficava treinando na Flórida e não dava entrevista, era da academia para casa. Daí, quando passava a luta, eu ia para a minha cidade e ficava com a minha família. Mas hoje eu abri essas portas, estou com uma assessoria legal que vai me ajudar nesse lado, e as pessoas vão saber quem eu sou.

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O primeiro passo é a hashtag #20XTibau, publicidade lançada em alusão ao seu próximo desafio, agendado para agosto, quando terá pela frente o americano Jamie Varner, que conta com apenas cinco duelos no octógono.

Até lá, o lutador promete estar mais conhecido, fazendo proveito da constante vinda do evento para o Brasil, onde fará sua segunda luta seguida justamente na noite em que José Aldo defende o cinturão dos pesos-penas (66 kg). A tática, para Tibau, deve surtir efeito em breve.

- Com tantas lutas, se eu tivesse um trabalho de mídia eu já teria disputado o cinturão umas cinco vezes. Com mídia, o atleta vende bem e garante luta no card principal. O UFC vê isso. Eles gostam de boas lutas, mas também gostam de vender lutas. Nunca tive isso, o que me atrapalhou demais. Mas estou jovem e tenho vontade de lutar. Vou recuperar o tempo perdido.

Além do reforço fora do octógono, Tibau promoveu mudanças em seu rendimento já em seu último confronto no evento. Para finalizar John Cholish, em maio, em duelo realizado em Jaraguá do Sul, o brasileiro ostentou secos 81 kg, muito menos do que o de costume.

A diferença, apontada como essencial para a busca do cinturão dos leves (70 kg), afetou justamente a característica que fez de Tibau o atleta mais forte e pesado da história da divisão, mas longe de ser um dos mais rápidos.

- Eu sempre fui muito grande para a categoria. Andava com quase 90 kg. Perdia muito peso e chegava para lutar com 86 kg. Fisicamente, eu ganhava em força, mas me atrapalhava porque eu não conseguia acompanhar o giro dos adversários. Ajustei esse trabalho e senti que ganhei em velocidade e resistência. Pretendo me manter com esse peso, lutando com no máximo 82 kg. E, para mim, tirar e recuperar 11 kg é muito fácil.

Geneticamente, o peso-leve brasileiro é favorecido e consegue, de acordo com seus treinadores, recuperar muito peso, com médias acima até mesmo dos wrestlers americanos, que iniciam essa prática desde os dez anos. Uma vantagem e tanto para quem é oriundo do jiu-jitsu, arte marcial que não tem como hábito o uso da desidratação em larga escala.

Com tantas mudanças na carreira, a expectativa é apenas que o cinturão, enfim, se torne algo palpável. Com sete anos de “casa”, Tibau deixou a sensação em seus fãs de que nadaria, mas nunca chegaria à praia.

- Eu nunca disputei o título, mas acho que não estava pronto, principalmente em relação ao físico. Hoje eu me sinto bem justo, leve, rápido e focado. Estou com outra pegada na minha carreira. Meu grande problema era a recuperação, por isso eu ganhava muito peso e ficava lento. Agora, os fãs podem ter certeza de que eu só vou parar quando chegar ao título.

Questionado sobre quantos degraus existem até sua meta, Tibau desconversou. Não fez previsões e preferiu prometer empenho em agosto, naquela que será a terceira disputa no ano, penúltima da meta de quatro apresentações em 2013.

Simpático e não economizando risadas durante a conversa, o lutador, ao menos, já começou a cumprir a promessa de não se esconder da mídia e ser mais carismático. “Só” falta o título.

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