Projeto estimula cultivo de ostras no Rio Grande do Norte



Meta é produzir, até 2015, cerca de 150 mil sementes de ostras no estado.
Escassez na produção é apontado como motivo para declínio da atividade.

Projeto Aquinordeste pretende estimular cultivo de sementes de ostra no RN e em outros estados nordestinos (Foto: Moraes Neto)Projeto Aquinordeste pretende estimular cultivo de
sementes de ostra n (Foto: Moraes Neto)
A curva de produção de ostras no litoral potiguar deve retomar o crescimento depois de anos de declínio. É a expectativa do Projeto Aquinordeste, implementado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) do Rio Grande do Norte e que vai incentivar o cultivo do molusco entre grupos produtores. As ações vão promover o melhoramento genético de espécies popularmente conhecidas por ostras de mangue e estimular a produção de sementes de ostras.

A ideia é distribuí-las entre produtores nos estados do Nordeste que integram o projeto. A escassez de sementes é apontada como principal causa na redução da oferta de ostra no mercado e abandono do cultivo por parte dos aquicultores. A meta é gerar 18 mil sementes até junho de 2014. No ano seguinte, o volume deve atingir 150 mil.

O foco do Aquinordeste, estruturado pelo Sebrae, é desenvolver e aumentar a produtividade do pescado na região Nordeste, com tecnologias que favoreçam o meio ambiente. Desde julho, o projeto está sendo desenvolvido de forma articulada e integrada em vários estados da região com vocação para aquicultura. No Rio Grande do Norte, o alvo é a otimização da produção de tilápias de tanques e, principalmente, de ostras.

A ideia é implementar iniciativas para desenvolver a cadeia produtiva da ostreicultura em quatro estados nordestinos ao alavancar os estoques naturais de ostras em Sergipe, Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte e identificar as espécies para fins de melhoramento genético, contribuindo assim para a geração de conhecimento, aumento de competitividade no setor e a redução de potenciais impactos ambientais da cadeia na região.

Em Alagoas, pesquisadores estão se dedicando à identificação de possíveis doenças que podem atingir as espécies e aos estudos de rastreabilidade do material. Já no Rio Grande do Norte, será realizada a reprodução das sementes de ostras apontadas pelos estudos como as mais viáveis para a comercialização. Além disso, serão verificados os melhores tipos de ração e de alevinos.

De acordo com o gestor do projeto Aquinordeste no Sebrae-RN, Marcelo Medeiros, as ações já começam a partir de janeiro. Parceiro do projeto, o laboratório Primar, situado no município de Tibau do Sul, a 72 quilômetros de Natal, passará a fornecer as sementes para produção das ostras. Tradicionalmente, duas espécies são cultivadas no litoral potiguar, a Crassostrea rhizophorae e a C. brasiliana, ambas conhecidas como ostra do mangue. Inicialmente, serão fornecidas cerca 18 mil sementes, produção que deve atingir um patamar de 150 mil sementes até 2015.

“A queda na produção de ostras no mercado local estava diretamente relacionada à falta de sementes. Com o projeto, vamos formar os grupos de produtores para o fornecimento dessas sementes. Com isso, o Rio Grande do Norte pode se tornar uma referência na produção de ostras”, explica Marcelo Medeiros. Além do cultivo de sementes, as ações do projeto Aquinordeste envolvem acesso a mercado, intervenções na área de meio ambiente, treinamento e capacitação dos produtores dos principais pólos produtores nos litorais Norte e Sul do estado, principalmente em Guamaré, Goianinha e Tibau do Sul.

Também está sendo feito um levantamento para verificar a produção atual, estimar o crescimento após as intervenções do projeto e a formação dos grupos. Apenas no Rio Grande do Norte já foram investidos R$ 190 mil para estruturar as ações e em 2014 os valores devem atingir R$ 220 mil, segundo o Sebrae.

Experiência piloto

As ações para fortalecer a cadeia produtiva da ostreicultura no estado não são recentes e datam do início de 2011. No Canto do Amaro, em Guamaré, a 176 quilômetros de Natal, a beleza natural da praia se junta à instalação de alta tecnologia de aerogeradores, ao lado dos quais são pesquisadas as melhores condições para o cultivo das ostras.

Com tamanho padronizado, cor e sabor uniformes, o Sebrae avalia o produto como excelente para exportação. Uma parceria entre o Sebrae no Rio Grande do Norte, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e a prefeitura de Guamaré resultou em uma experiência piloto para apoiar a criação sementes de ostra em cativeiro e definir parâmetros técnicos e econômicos para a ostreicultura local.

Inicialmente, nos três viveiros instalados, há cerca de 100 mil ostras em crescimento, com mortalidade de 20%. A região foi escolhida em função do sol forte, alta salinidade e vastos manguezais com maré rica em microrganismos e partículas orgânicas. Todos esses atributos fazem do município de Guamaré o lugar propício ao desenvolvimento dessa atividade.

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