Surdo se forma em Pedagogia com nota 10
O agora pedagogo Luziano Barreto disse que pretende seguir na área
Uma monografia nota 10. A pontuação máxima no trabalho de conclusão do curso de Pedagogia da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) foi obtida pelo aluno surdo Luziano Barreto. Ele é o terceiro discente com esse tipo de necessidade especial a se formar na instituição.
A apresentação de Luziano contou com a participação de uma intérprete em Libras. No trabalho, “Narrativa autobiográfica: ingresso e trajetória acadêmica de um aluno com necessidades educacionais especiais na Uern”, o aluno expõe a sua vida antes de entrar na universidade e as convivências, aprendizados e dificuldades em se comunicar com colegas de sala, professores e outras pessoas da comunidade acadêmica encontrados nos oito períodos que cursou.
“Fico muito emocionado em apresentar esse trabalho com pessoas daqui da Uern e de fora vindo prestigiar. Estou feliz por estar me formando e quero continuar atuando na área. Vou começar no Cras e depois quero continuar aqui mesmo ou em outro local na Pedagogia”, disse Luziano Barreto com a ajuda da intérprete Vanessa Nascimento, enquanto aguardava a banca examinadora atribuir a nota ao seu trabalho.
“Só felicidade daqui pra frente”, disse a mãe do aluno, Lúcia Barreto, que foi bastante elogiada pela banca por estar sempre presente na vida acadêmica do estudante e nos momentos de elaboração do trabalho de conclusão de curso.
A orientadora do trabalho, a professora-doutora Ana Lúcia Aguiar disse que a formação de Luziano era mais um exemplo da cristalização e encaminhamento que a universidade vem proporcionando na área da inclusão. Sobre o desempenho do aluno, a educadora só tinha elogios.
“Luziano foi assíduo, muito pontual, apaixonado pelo que estava fazendo. Tivemos 60 encontros só para a construção do trabalho, mais uns 12 ou mais encontros para a questão das imagens, e ele não faltou a nenhum. Foi um graduando muito apaixonado, dedicado”, destacou Ana Lúcia Aguiar.
A assistente social do Departamento de Apoio à Inclusão (DAIN), Sônia Lins, ressaltou que a política de inclusão das pessoas com deficiência está em processo de consolidação na Uern.
“Tivemos 17 alunos que já se formaram; teve um com paralisia cerebral que se formou em Ciências Biológicas e hoje é servidor federal da UFRN, um cego que se formou em Ciências da Computação, um de baixa visão que concluiu Serviço Social, entre outros. São vários exemplos de que a universidade está formando e essas pessoas estão se inserindo no mercado de trabalho como qualquer outra. Esses exemplos servem para incentivar à população a deixar de preconceito”, ressaltou a assistente social.

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