Ex-chefe da divisão de Precatórios do TJ e marido são presos em Natal

Carla Ubarana e George Leal foram presos na manhã desta terça (26)
Suspeitas levaram à deflagração da operação Judas, em 2012.

Condenada a 10 anos de prisão, Carla foi detida nesta terça em Natal (Foto: Fernanda Zauli/G1)Condenada a 10 anos de prisão, Carla foi detida nesta terça em Natal (Foto: Fernanda Zauli/G1)
A ex-chefe da Divisão de Precatórios do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte Carla de Paiva Ubarana Araújo Leal e o marido dela, George Leal, foram presos na manhã desta terça-feira (26) em Natal. Os dois são acusados de fraudes na divisão de Precatórios do TJRN. Os mandados de prisão foram expedidos pelo juiz da 7ª vara Criminal de Natal, José Armando Ponte Dias Junior.
Pela sentença, publicada na manhã desta terça no site do Tribunal de Justiça, Carla Ubarana foi condenada a 10 anos, 4 meses e 13 dias, mais 386 dias-multa em regime fechado. George Leal pegou pena de 6 anos, 4 meses e 20 dias, mais 222 dias-multa em regime semiaberto. Os demais réus foram absolvidos.
As prisões foram confirmadas pelo comandante geral da Polícia Militar, coronel Francisco Araújo.
"Recebemos o pedido para ajudar no cumprimento de dois mandados, que envolvem essas duas pessoas. Nós fizemos a nossa parte", disse Araújo.
O delegado de Capturas (Decap), Ben-hur Cirino de Medeiros, confirmou que Carla e George serão conduzidos à sede da Decap. "Já entrei em contato com meus superiores para saber onde eles vão ficar, pois têm curso superior", frisou.
Operação Judas
Carla Ubarana não havia prestado concurso para entrar no Tribunal de Justiça. Ela foi incorporada ao quadro de servidores efetivos ainda na década de 80, antes da normatização da Constituição Federal, que obriga a realização de concurso público para admissão de servidores municipais, estaduais e federais. Ao longo de mais de uma década, Ubarana ocupou diferentes posições no Tribunal e foi demitida enquanto ocupava o cargo de técnico judiciário de 3º entrância da Comarca de Natal. O salário da ex-servidora girava em torno de R$ 9 mil.
casal acusa desembargadoresA demissão de Carla Ubarana ocorreu dias após a própria presidenta do TJ, Judite Nunes, determinar a retomada do pagamento do salário da ex-servidora, suspenso desde junho. A ex-servidora e seu marido, o empresário George Leal, foram presos em janeiro de 2012 em Recife. Além deles, mais três pessoas foram presas sob a acusação de formarem uma quadrilha que operacionalizava os desvios de recursos destinados ao pagamento de precatórios.
O esquema de corrupção foi investigado pelo Ministério Público Estadual e desencadeou a Operação Judas. Após acordo de delação premiada, em março deste ano, Carla e George assumiram a autoria dos crimes e citaram que tudo ocorria sob a anuência dos ex-presidentes do TJRN, os desembargadores Osvaldo Cruz e Rafael Godeiro. Ambos foram afastados da Corte potiguar pelo Conselho Nacional de Justiça e aguardam realização de audiência de instrução no Superior Tribunal de Justiça, onde apresentarão suas respectivas defesas.
Os réus
Veja abaixo quem são os réus na Operação Judas e o papel de cada um deles segundo o Ministério Público do Rio Grande do Norte.
Carla de Paiva Ubarana Araújo Leal - Servidora de carreira do Tribunal de Justiça e ex-chefe do Setor de Precatórios. É suspeita de operacionalizar o esquema de desvios de recursos destinados ao pagamento dos precatórios pelo Tribunal, utilizando-se, inclusive, de funcionários particulares para executar a operação. Assumiu o cargo comissionado como chefe da Divisão do Setor de Precatórios na gestão do ex-presidente do TJ, desembargador Osvaldo Cruz. Ela é suspeita de cometer peculato.
George Luís de Araújo Leal - Marido de Carla Ubarana. É suspeito de receber o dinheiro sacado das contas de Cláudia Suely, Carlos Eduardo Palhares e Carlos Alberto Fasanaro Júnior. O Ministério Público o considera, assim como sua esposa, mentor do processo fraudulento. Outra suspeição contra ele é a de peculato.
Cláudia Suely Silva de Oliveira Costa - Funcionária particular de Carla Ubarana. Suspeita de cometer o crime de peculato, ela é apontada como cúmplice nas fraudes por disponibilizar sua conta bancária para depósitos e saques relacionados ao pagamento dos precatórios pelo Tribunal de Justiça. Em depoimento, alegou desconhecer a origem dos recursos que sacava.
Carlos Eduardo Cabral Palhares de Carvalho - Segundo investigações do Ministério Público, atuava como laranja no processo fraudulento. É acusado de peculato. Assim como Cláudia Suely, fornecia a conta bancária para depósitos de montas destinadas ao pagamento de precatórios. Realizava saques esporádicos e repassava o dinheiro à Carla Ubarana e George Luís Araújo Leal.
Carlos Alberto Fasanaro Júnior - Assim como Cláudia Suely e Carlos Eduardo Palhares, é suspeito de receber dinheiro em sua conta bancária e repassá-lo para Carla Ubarana e George Luís de Araújo Leal. Ele é suspeito de peculato.

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